Sofrologia do esporte: desenvolvimento da sensorialidade

Sabemos que a imagem que temos de nós mesmos, onde a idéia que temos dela está ligada ao que é chamado de autoconfiança. A sofrologia, através dos diferentes graus de relaxamento dinâmico, busca conquistar o corpo e seu estado interior.

Além de trabalhar na imagem corporal, a disciplina permite que os atletas experimentem outros efeitos que não a consciência comum, ou seja, com uma consciência mais aguda e sem as restrições da vida cotidiana. ou os desafios da competição. Esse treinamento os coloca em posição de perceber com certo desapego as sensações “cruas” em relação à dúvida ou ao medo.

A intenção é fazer com que os atletas aceitem conscientemente o que sentem, sem a priori ou julgamento. Eles podem, então, no dia da competição, quebrar o círculo de ruminações e adotar uma postura dinâmica, mostrando lucidez. Não há nada mágico neste treinamento: ansiedade ou questionamento estão realmente presentes, mas eles não têm mais a mesma força penalizadora.

publicidade

O CORPO

A consideração do corpo por meio do relaxamento dinâmico reforça o princípio da diferenciação (1). É uma questão para o sofronizador (2) perceber o impacto que um evento externo ou a ação de terceiros pode ter sobre o que ele sente na superfície e dentro de seu corpo. É a partir do sentimento que a consciência encontrará idéias, desenvolverá o raciocínio ou construirá representações. Em uma situação competitiva, o acúmulo de afetos dificulta a distinção entre a origem de uma estimulação, positiva ou não. Pode surgir confusão entre o que depende de você e o que depende dos outros. Muitas vezes, presa na euforia da ação, uma pessoa vê os sinais de áudio, visuais e táteis cruzando e se acumulando. Esse processo alimenta o nervosismo porque, após esses estímulos, a consciência interpreta todos os sentimentos. O ponto principal do método é que ele leva o indivíduo, através do princípio da diferenciação, a fazer uma representação justa do que está experimentando, sem ser permanentemente invadido por estímulos externos.

SENSORIALIDADE

O envelope do corpo desempenha um papel fundamental. Atua como uma barreira. Posicionados diretamente na pele, os órgãos dos sentidos possibilitam a transição de fora para dentro. A variação nas tensões durante as sessões conduzidas pelo sofrologista permite ao atleta explorar toda a sua sensorialidade e ter capacidades de adaptação muito maiores do que as que ele adquiriu naturalmente.

A sofrologia oferece à pessoa que direcione sua atenção para dentro de si mesma, sem isolá-la de seu ambiente externo imediato. É esse movimento que lhe permite se adaptar a novos ambientes ou novas situações.

Quando um atleta permanece fixo na realidade externa sem se preocupar com o que sente, pensa ou deseja, ocorre um acúmulo de frustrações. Além disso, mesmo quando totalmente treinado, é improvável que o atleta mostre consistência em seu desempenho.

A sofrologia promove o condicionamento do atleta dentro de limites onde coexistem aspectos físicos, técnicos, táticos e emocionais. Foi em 1968, nas Olimpíadas de Grenoble, que o Dr. Raymond Abrezol tornou conhecida a disciplina, preparando três esquiadores, todos medalhistas a partir de então. Ele criou a segunda pedagogia enquanto trabalhava no desenvolvimento do método ao lado do fundador Alfonso Caycédo. Ele foi o primeiro a integrar o relaxamento dinâmico ao aquecimento usando ativações energéticas.

Aqui está o que Jean-Daniel Daetwyler (3) disse sobre isso, vencedor de duas descidas da Copa do Mundo e medalhista nos Jogos de Grenoble: “A sofrologia me trouxe ativos essenciais para a concentração durante as corridas e um bom relaxamento antes das partidas. Graças às técnicas aprendidas, sou capaz de manter a calma em todas as circunstâncias da vida. ”

Este tipo de preparação mental vai além da concorrência. Permite que os atletas retornem o esporte ao que realmente é: um jogo simples!

Laurent Favarel

(1) A pele auto – Didier Anzieu, Dunod 1995.

(2) Pessoa que pratica sofrologia.

(3) Sophrology and Sport – Raymond Abrezol, Brochura 1988.

Foto: Caroline Colombo